
O caminho sagrado do tarô ou a jornada do louco é um estudo sistêmico do tarô, baseado no conceito de jornada cíclica, desenvolvido pelo antropólogo Joseph Campbell, chamado de monomito, que está presente nos contos onde o personagem principal sai do mundo comum para alcançar algo de significado maior.
Neste caminho, o personagem vivencia desafios que irão testar a sua qualidade para alcançar o bem a ser conquistado. Temos como exemplo, as histórias em que o herói ouve um chamado para desempenhar um grande feito e com muita coragem ele segue a voz de seu coração e encara um caminho desconhecido, onde desbrava florestas inexploradas e enfrenta vilões, a fim de conquistar o amor da nobre princesa. Portanto, usamos o conceito de jornada cíclica para retratar a experiência que cada arcano carrega em si.
O personagem que irá desbravar esse universo até então desconhecido é o Louco, porque somente ele carrega a inocência e o entusiasmo capaz de nos impulsionar para viver algo totalmente incerto e desconhecido.
No baralho desenvolvido pelo Edward Waite, o Louco é retratado caminhando despretensiosamente por um penhasco, com os olhos fechados, juntamente com um cachorro. Simbolicamente o cão representa o aspecto instintual do personagem, portanto ele não precisa olhar de maneira literal para o espaço que o rodeia, porque confia em seus instintos e assim segue seu caminho acreditando na própria capacidade. O seu número é zero e representa o estado antes do início, o grande potencial e com esse ímpeto ele vivenciará uma experiência espiritual e veremos a sua percepção dilatar e sua iluminação aumentar durante este processo, que Jung chamou de individuação. Portanto, nosso herói ampliará a sua consciência através de experiências de transformação psíquica que o levará a descoberta da sua completude.
Texto: Mônica Vasques
Imagem: Thays Camargo